Thursday, January 11, 2007

[ pedaço de poesia ]

eu te amo de um tanto
que quase não acredito
e te digo de espanto
o q de mim nunca foi dito

amo assim de cor calma
e também matiz angustiante
e essa dor q corta a alma
é meu desejo mais constante

[...]

Monday, January 08, 2007

de vez em qd eu minto descaradamente pra mim mesma.
digo assim: boba, vc não é ciumenta, vc não é obsessiva, não não...
tsc tsc, sempre me fodo...
tá pensando q é fácil?
se apaixona só pra ver.

ai,
ai,
ai,
ai, vontade de falar 15 palavrões. 'tamerda.

Sunday, January 07, 2007

[ geladeira ]

estavam os dois na cozinha. dela. a ana comia aquelas bolachas de gergelim quebrando elas em pedacinhos. cada ruptura enchia o prato de farelos e sementinhas de gergelim q gostava de pegar apertando os dedos contra o vidro e lamber em seguida. era um ritual lento. mas ela sempre comia devagar mesmo. ele olhava. do chão pra geladeira, pra ela, pro relógio de parede.
- cê não vai comer nada mesmo? tem chocolate... - ela nem virou pra ele pra dizer.
- tô sem fome. acho q bebi demais. tô pensando um monte de besteiras...
- eu tb bebi demais e não perdi a fome...
- ...
- ah, falasério, gustavo... - continua sem olhar pra ele.
- o q?
- q tu ficou bolado.
- com o q? - ele tá tentando contar as rachaduras do azulejo q está embaixo da cadeira dela.
- esquece.
- não.
- não o q?
- não esqueço. e acho q vou pra minha casa. - agora ele espera q ela olhe. tinha certeza q agora ela olhava. 'minha' casa. ela odiava qd ele falava 'minha' casa.
ana parou de brincar com os farelos. mas não olhou.
- vc vai embora...? - doía.
- tô querendo.
- por causa de hoje?
- ah porra. tu acha q é pq? pq mais seria? pq vc tá fazendo como se não tivesse sido nada de mais?
ela quer levantar e não consegue. nem se mexer direito. nem respirar direito. nem nada.
- caralho, ana! vc quer q eu finja q não aconteceu? sei lá, cara... tá foda... não dá isso... vc é maluca... só pode...
ela volta a quebrar bolachas, mas não come.
- pq vc nunca fala? eu fico aqui roendo essas cenas e vc não fala nada!
- olha... vc viu coisa demais... é besteira... eu tô com sono e vc tá bêbado ainda... tá gritando comigo... eu não gosto...
- tá. foi mal. olha pra mim.
- pra q?
- olha pra mim porra. vc não olhou pra mim desde q saimos de lá. - ele pega no braço dela e puxa pra si.
ela tem algo de ameaça no olhar. aquela ameaça q ele viu no dia em q se conheceram. antes era uma ameaça doce. hoje não tem doçura.
ela não sabe pq o jeito q ele olha é tão devastador. devastador. ana sempre usou essa palavra pra lembrar do modo como era. agora quer chorar. mas tb não consegue.
- eu te amo tanto garota. caralho como eu te amo. - ele quer tanto abraçá-la q dói.
- eu tb te amo. - ela suspira lamentando a vontade sem tamanho de ser abraçada e carinhada e q ele a leve pro quarto e pra cama e q toda essa confusão termine.
- e não aconteceu nada... poxa eu tava tão bem. pq vc tem q fazer isso comigo sempre? q droga, gustavo... - ana se solta, desanimada. vai até a sala e se joga no sofá.
nesse momento, q não é só um momento mas não passa de uns minutos, os dois se sentem sozinhos.
[...]
- tô indo.
- hm...
- eu ficaria se vc olhasse pra mim e dissesse a verdade.
ana suspira, e levanta, um pouquinho tonta ainda dos drinks q tomou, apaga a luz da cozinha e vai pro quarto. nem fecha a porta. troca de roupa devagar e, prestando atenção aos barulhos da sala, deita na cama, se cobre com o edredon, fecha os olhos e espera.
ele vem.
ela pensa.
- bobo...